sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Música, maestro

Uns 20 minutos exposta a isto a que chamam «frio», esperando pelo autocarro, na solitária companhia de uma velhota que não se calava um momento (e em cujo discurso apenas se percebiam os números das carreiras ansiadas). Julguei ter ido parar ao inferno, e descoberto que este, afinal, é frio. Até que chega, realmente, o autocarro. Entro na viatura e de imediato ouço, bem altinho, «She's a maniaaac, maniiiaaac...» - música que me lembra sempre o Groundskeeper Willy, dos Simpsons - mas a penitência estava longe de terminar. Trânsito «compacto», como dizem nas notícias, permitiu-me fazer o trajecto entre Praça de Espanha e Sete Rios nuns amáveis 20 minutos de pára arranca (mais pára do que arranca). Durante esse tempo, alguns passageiros dançaram ao som da música que ouviam nos phones, outros escolheram cantar alto «Foreeever youuung...», que passava na mesma estação do «Maniac», e um casal de moças desatou aos beijos durante «O Amor», dos Heróis do Mar. Antes de chegar ao meu destino, ainda ouvi uns guiques que iam a um jantar de aniversário numa churrasqueira desabafar que «agora é que o Sweeney [?] fazia jeito, ele tem sempre as bolachinhas da princeesa».

(Dezembro 2010)

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