Esta manhã, uma destas senhoras esperava a sua vez de falar com o «jovem», não na fila, mas de pé ao lado dele. Convidada a colocar-se na fila, exclama: «Mas eu gosto de estar ao pé de ti, amor!». Nem de propósito, o «amor» acha que esta é uma boa altura para ir buscar um papel qualquer e ser, temporariamente, substituído por uma colega. A velha não desarma: passando a mão pelo braço da funcionária, exalta: «Foi esta a menina que me atendeu ontem!». «Não fui eu, não», corrige logo ela (por estas e por outras é que as velhas preferem os moços).
Na mesma fila para a mesma «ilha», outra mulher queixava-se de problemas domésticos. «Bati com a cabeça na parede, sem querer. Ia morrendo», diz a certa altura, espectacularmente alto mas de forma casual, como quem conta mais uma banalidade do dia-a-dia. Uma outra protagonista da Manhã no Banco decide passar à frente de toda a gente na fila e, quando chamada à atenção, grita, agressiva: «Mas eu tenho uma criança deficiente sozinha em casa!». O predilecto das velhas acede a atendê-la, provavelmente para evitar mais escândalos.
Penso que foi esta mesma assanhada senhora que, mais tarde, ouvi discutir ao telefone com a senhoria. «Vou ser curta e grossa», ameaçou. «Então por que diabo aluga o quarto? Você já não tem é tempo para o dinheiro que tem!» (tirada genial que me obrigarei a usar mal se proporcione).
Não vim embora sem 1) ser atendida pelo bebé das velhotas 2) uma senhora menos idosa, mas com vago ar de quem tinha andado na pinga me pedir, muito risonha, que lhe lesse os números da conta que se preparava para pagar. «Esqueci-me dos óculos em casa e não vejo nada!». Lá contribuí para que a mulher pagasse as suas dívidas à Zon, não sem alguns percalços: enganou-se numa data de números e queria carregar no verde antes de confirmarmos os números todos, para minha aflição. E risadas dela.
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